FAMILIA DIVINA

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É raro falar dessas coisas sem que um teólogo nos lembre que o que foi dito ainda não é tudo. E não é mesmo! Como falar de uma realidade tão profunda como é a paternidade eterna, a filiação eterna e a ação eterna desse amor eterno, sem cometer gafes ou equívocos? Como ousar comparar Deus a um ser humano, ou o Deus incomparável a uma família imperfeita, como é toda a família? Como falar de relações divinas, se sabemos tão pouco sobre Deus? Como querer acertar em tudo, quando não acertamos nem na análise das relações humanas? Se não entendemos o amor de marido e mulher e de pais e filhos, que permanecem um mistério, como entender o amor de Deus?
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Não obstante, as igrejas cristãs têm a ousadia de dizer que Deus é Pai, é Filho e é Espírito eterno. Deste conceito deriva a noção de pai ou de filho, proposta pelos cristãos. O mesmo dizem os judeus e muçulmanos, embora usem de outras terminologias. Mas a idéia e a de que o criador cuida e sabe o que é melhor para quem ele criou! Só divergem no conceito de Trindade, paternidade e de filiação eterna. Os cristãos dizem que o Deus único concebeu e criou tudo e continua criando o que criou. Em outras palavras , semeou, regou e continua cultivando. E aí vem o mistério. Se Deus tudo pode e não quer o mal, como explicar o mal? Mais adiante falaremos sobre este impasse.
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Vamos errar sempre que quisermos dividir de canequinha e de fita metro espiritual a ação de Deus, garantindo que isso o Pai fez, aquilo o Filho e outra coisa fez o Espírito Santo. Para nossa cabeça fica mais claro, mas não é assim com Deus. Jesus põe um fim a esse tipo de raciocínio, quando diz que Pai e Filho são um só (Jo 10,30) e que aquele que conhece um conhece o outro e que ambos enviam seu sopro santo, seu Espírito, que não é os dois, mas é um com os dois.
Isto dizem os cristãos e já demais para nossa cabeça. Não admira que muita gente busque doutrinas mais fáceis, o que não ajuda em nada na busca sincera da verdade. Explicações fáceis nem sempre são verdadeiras, embora fraseologias complicadas também escondam mentiras.
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E então? Acreditar no quê? Num Deus que nos queria aqui e nos concebeu desde sempre, mas um dia nos plantou aqui e nos criou para o tempo? Mais do que isso, criou-nos e prossegue nos gerando para a eternidade? Em resumo: somos frutos da família eterna chamada Trindade Santa, e estamos sendo educados dentro de todos os limites de uma família terrena para viver aqui no tempo, neste mundo, nesta era e nesta hora, e, depois, viver para sempre sem era, sem hora e sem limites. Mas, enquanto aqui vivermos, é aqui que se decide nosso amanhã eterno, dentro de famílias. Os pais da terra podem ajudar ou atrapalhar. Depende de como concebem e criam seus filhos.

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