Por que Deus permite o sofrimento?
A liberdade é o toque maior de nossa semelhança com Deus
Para que o homem fosse “grande”, digno,
nobre, Deus o fez livre, inteligente, dotado de mãos maravilhosas,
sensibilidade, vontade, memória, etc., que nem as pedras, nem as árvores
e nem os animais receberam.
A liberdade é o toque maior de nossa
semelhança com Deus. Ele teve de correr o risco de nos fazer livres,
para que fôssemos dignos, mesmo sabendo que a criatura poderia lhe
voltar as costas; isto é, pecar e comprometer seu Plano de amor.
Deus não poderia impedir o homem de lhe
dizer Não; senão lhe tiraria a liberdade, e ele seria apenas um robô. E
Deus não quis isto. Mas Deus nos deu a inteligência, como uma luz para
guiar os nossos passos, e nos deu a vontade para permanecer no bem e
evitar o mal.
Ele quis fazer a criatura humana livre,
como Ele, criou-o da melhor maneira possível, à sua Imagem. É a
liberdade que nos diferencia dos animais, dos robôs e dos teleguiados;
podemos escolher espontaneamente o rumo de nossa vida e o teor de nossas
ações. E nisto podemos errar, cometendo graves danos, especialmente
quando usamos mal da nossa liberdade e inteligência, desobedecendo a
Deus.
Deus nos torna livre exercitando a
liberdade, vivida com responsabilidade. É Deus que nos sustenta e nos
mantém vivos, mas Ele não tira a nossa liberdade. Do contrário, não
haveria merecimento, nem culpa de nossa parte. Não haveria dignidade no
homem. Então, por isso, Ele não quer, mas permite a morte e o sofrimento
no mundo. Mas sabe o que fazer com isso.
Aqui está o nó da questão: Deus respeitou
e respeita a liberdade da criatura que lhe diz Não, embora Ele pudesse,
e possa obrigá-la ao Sim – o que evitaria os sofrimentos, mas isto
destruiria a grandeza do homem, que consiste em sua liberdade de opção.
Sem isto o homem ficaria reduzido a um robô ou a uma marionete; não
seriam mais imagem e semelhança de Deus; perderia a sua grandeza.
Depois de dar ao homem todas essas
faculdades maravilhosas, Deus lhe deu o mundo em suas mãos, para cuidar
dele como um jardineiro.
“O Senhor Deus tomou o homem e colocou-o no jardim do Éden para cultivá-lo e guardá-lo.” (Gen 2, 15).
Se o homem não cuida desse mundo bem, se
não ama os irmãos, se não obedece às leis de Deus, então dá origem à
dor, e isto não é culpa de Deus. Daí surge o pecado e o mal moral, que
gera também o mal físico.
Deus não é paternalista; é Pai. Isto é,
Deus não fica “passando a mão por cima” dos erros dos homens e
consertando os seus estragos como fazem muitos pais; mas deixa que o
homem que erra sofra as consequências do seu erro. Esta é a lei da
justiça e direito que Deus segue quem erra deve arcar as consequências
dos seus erros.
Os nossos erros geram sofrimentos para os
nossos descendentes também. Os filhos não herdam os pecados dos pais,
mas podem sofrer por causa dos efeitos desses pecados.
Eu sofro não só por causa dos meus
pecados, mas também por causa dos pecados dos homens, de todos os tempos
e lugares, especialmente daqueles que estão mais ligados a mim:
parentes, amigos, etc. A humanidade é solidária. O primeiro pecado foi
na origem da humanidade, o pecado original, e trouxe o sofrimento e a
morte. Não era para a terra produzir espinhos e abrolhos, Deus disse a
Adão; e não era pare ele tirar o pão de cada dia da terra com suor e
sofrimento. Isto foi culpa do pecado do homem. A desordem do mundo,
inclusive do mundo material é consequência do pecado; por isso São Paulo
afirma que também a criação espera a libertação dos filhos de Deus.
É lógico que os vícios de um pai fazem
sofrer os filhos e a esposa… Assim por diante. Deus não é o culpado de
nada disso, e nem deseja nada disso. A culpa é nossa mesma.
Que culpa teria Deus, se, por exemplo, um
pai irresponsável, passasse uma noite bebendo, e depois sofresse um
acidente de carro e morresse por dirigir embriagado? Quem poderia acusar
Deus de cruel, por ter tirado a vida de um pai, um esposo, e ter
deixado órfãos e viúva?
Se você teimar em ligar o seu ventilador
em uma tomada de 220 volts, quando o manual manda ligar em 110 volts, é
claro que você vai queimar o motor do ventilador.
Isto ocorre porque você agiu contra o
manual do projetista do ventilador. O mesmo se deu e se dá com o mundo e
com o homem. Temos um Projetista que fez o homem e o mundo belos,
organizados, harmoniosos, mas não queremos respeitar o seu “Catálogo”;
então, destruímos a sua bela obra e geramos o sofrimento.
Quando se diz que é preciso “aceitar a
vontade de Deus”, diante do sofrimento e da morte, não quer dizer que
foi Deus quem quis o mal, aquela tragédia, aquela doença, etc. Não. Deus
não pode querer o mal. Mas Ele permite, porque não desrespeita as leis
que Ele mesmo criou e, de modo especial, o nosso livre arbítrio. Deus
respeita a nossa dignidade e semelhança a Ele. Deus entregou o mundo em
nossas mãos.
Se Ele ficasse nos livrando das consequências dos nossos pecados, nunca nos tornaríamos filhos maduros.
“Deus não fez a morte nem tem prazer em destruir os viventes”, diz o livro da Sabedoria (1,13).
“Ora, Deus criou o homem para a imortalidade, e o fez à imagem de sua própria natureza. É por inveja do demônio que a morte entrou no mundo, e os que pertencem ao demônio prová-la-ão” (Sab 2,23).
A esperança e a confiança que o cristão tem em Deus, infinitamente sábio, fazem que ele sofra com paz; e isto não tem nada de masoquismo doentio, nem mesmo complacência na dor pela dor, pois isto não é evangélico.
Na sua Sabedoria e Bondade, infinitas, Deus achou por bem correr o risco de poder nos ver errar e sofrer. Foi o preço da nossa semelhança a Ele.
“Ora, Deus criou o homem para a imortalidade, e o fez à imagem de sua própria natureza. É por inveja do demônio que a morte entrou no mundo, e os que pertencem ao demônio prová-la-ão” (Sab 2,23).
A esperança e a confiança que o cristão tem em Deus, infinitamente sábio, fazem que ele sofra com paz; e isto não tem nada de masoquismo doentio, nem mesmo complacência na dor pela dor, pois isto não é evangélico.
Na sua Sabedoria e Bondade, infinitas, Deus achou por bem correr o risco de poder nos ver errar e sofrer. Foi o preço da nossa semelhança a Ele.
O Criador poderia estar constantemente
vigiando o mundo, de modo que nunca houvesse algum desastre ou
sofrimento. Mas esse procedimento seria menos digno de Deus, que deseja
dar ao homem a oportunidade de se realizar, de se tornar grande, com
liberdade e nobreza.
Deus não quer retirar do homem o precioso dom da livre opção; então, deixa o homem agir. Ele escreve reto por linhas tortas.
Deus não quer retirar do homem o precioso dom da livre opção; então, deixa o homem agir. Ele escreve reto por linhas tortas.
Prof. Felipe Aquino.
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