Sobre nosso Bairro.

Da lenda do “padre sem cabeça” à fábrica de Alexandria
O Bom Parto é um dos mais populares bairros de Maceió. É também um dos que apresenta menor extensão, encravado entre o Farol e a Lagoa Mundaú, dividindo-se com o Mutange e a Cambona. Já foi um típico bairro operário , com a Fábrica de Tecidos Alexandria, onde quase toda população dependia dessa atividade econômica. É também um bairro típico que tem suas lendas, como a do “padre sem cabeça” , contada pelos moradores da Gruta do Padre.
   A historia do bairro está ligada ao binômio fábrica-igreja. Nas ruas estreitas com casas conjugadas, onde viviam os operários, ainda persiste o hábito de conversar na calçada, hoje não mais com o entusiasmo dos velhos tempos, onde se comentava o dia-a-dia da fábrica. Mas os aposentados sempre têm algo para contar dos bons tempos da Alexandria; das festas; do bonde que transportava os moradores para o centro da cidade, além dos bailes na sede do sindicato.
   A origem do nome é a própria religiosidade dos moradores. A Igreja de Nossa Senhora do Bom Parto é o símbolo do bairro. Bom Parto, porque a mãe de Jesus (Virgem Maria) teve um bom parto. A paróquia foi criada em 1949, sendo o primeiro pároco, o padre Brandão Lima, nome do colégio, que é um dos maiores da rede da CNEC.
Os saudosistas que vivem ainda hoje no Bom Parto lembram dos tempos de apogeu da fábrica Alexandria, de Mário Lobo. Naquela época, tudo era fartura. Os operários recebiam todo tipo de ajuda, e almoçavam no refeitório da própria fábrica. Nas proximidades da Igreja existia uma feira livre, evitando que os moradores se deslocassem para o Mercado Público.
   A fábrica fechou em 1966. ainda demorou muitos anos com toda a estrutura intacta para que os ex-empregados pudessem relembrar os bons tempos. Depois, foi derrubada, dando lugar a depósitos de outras empresas.
Fábrica Alexandria era o sustento das famílias
Durante mais de um século o setor têxtil disputava a liderança da economia alagoana com o açucareiro. No início do atual século, existiam em pleno funcionamento cerca de 20 fábricas de tecidos, que empregavam milhares de alagoanos. A Alexandria foi uma delas. Encravada no bairro do Bom Parto, próximo ao centro de Maceió, era o sustento de centenas de famílias, que trabalhavam em seus vários setores.
Dona Maria José da Silva, hoje com 76 anos, trabalhou na fiação. Ainda guarda sua carteira de trabalho com o registro. “Empresa Cotonifício Alexandria S/A”. a casa onde mora há 40 anos, foi doada pela fábrica, e conserva a mesma estrutura, numa das travessas do bairro.Os tecidos da Alexandria eram disputados pelos consumidores. Fabricavam-se fustão, murim e tecidos de xadrez, além de outros. 
Os tecidos da Alexandria eram disputados pelos consumidores. Fabricavam-se fustão, murim e tecidos de xadrez, além de outros. Era uma produção grande, em três turnos de trabalho. Tudo no bairro girava em torno da fábrica. As casas dos operários possuíam toda a infraestrutura de conforto e segurança. Eram mais de mil casas de vários padrões. As que se localizavam na rua principal, eram mais amplas, e para funcionários com cargos mais elevados.
   O Sindicato dos Trabalhadores funcionava obedecendo criteriosamente a legislação trabalhista criada por Getúlio Vargas. Nunca houve greve. Tudo era resolvido na base da negociação. A parte social era perfeita.
   Nunca ocorria falta de energia elétrica, garantindo os três turnos de trabalho. A fábrica possuía gerador próprio, que também servia para a vila operária. Na época em que a energia na cidade era precária, sempre com sucessivos cortes, o Bom Parto continuava iluminado. A fábrica foi vendida pela família Lôbo ao Cotonifício Torres, do Recife. Pouco tempo depois foi fechado. Mas os operários devidamente indenizados e com garantia moradia.

Nos tempos dos bondes o lazer dos moradores 

   A passagem dos bondes que iam e vinham do Bebedouro sempre foi uma atração a parte para os moradores do Bom Parto, bairro tipicamente operário, próximo ao Centro de Maceió. Na rua da frente, eram os bondes, e na detrás, os trens de passageiros, que seguiam para o interior e para o Recife. Acenar para quem passava era costume da garotada, algumas até sonhando em andar de trem.
   Mas os bondes serviam de lazer para quem aproveitava o final de semana para ir a praia da Avenida. Logo cedo, a família se preparava para esses momentos de prazer. À noite, também seguiam para o Centro, onde assistiam aos filmes e passeavam no comércio, vendo vitrines.
   Carro de passeio era coisa rara. Vez por outra passavam aqueles automóveis luxuosos dos ricaços que moravam em suas mansões em Bebedouro, e seguiam para o Centro ou Jaraguá, onde mantinham seus escritórios. O bairro sempre foi passagem obrigatória para quem morava em Bebedouro, naquela época o bairro nobre da cidade.
Igreja sempre foi ligada às atividades da fábrica
   A Igreja de Nossa Senhora do Bom Parto, uma das mais bonitas de Maceió, sempre foi ligada as atividades da fábrica. O primeiro pároco foi o padre Brandão Lima, que faleceu em 1959, num acidente de bicicleta no trajeto entre sua casa e a igreja. Depois passaram outros párocos, até que em 1964, ficou sendo administrada pelos franciscanos.
   É frei Francisco Bruno, conhecido como frei Bruno, 45 anos, o atual pároco. Cuida de evangelizar os moradores. Prepara crianças para a primeira eucaristia, celebra missas, casamentos, batizados e outras cerimônias. 
A lenda do “padre sem cabeça”
   Dona Elza Eliziário, mora na Gruta do Padre, um prolongamento do Bom Parto, há 26 anos. Sabe contar detalhadamente a lenda que gerou o nome desse núcleo habitacional, hoje, com varias melhorias, feitas pela Prefeitura.
   Segundo a moradora, o nome Gruta do Padre deve-se a um padre que era apaixonado por uma mulher casada, e nas “caladas” da noite se encontravam. Toda a população sabia, menos o marido. Até que ele descobriu e matou o padre. A partir daí o padre aparecia sempre debaixo de uma arvore logo que a noite chegava. Os moradores o viam de batina e sem cabeça. O medo tomava conta de todos que evitavam passar pelo loca.
   Para dona Elza (que nunca viu essa visão) tudo não passa de uma lenda. Até porque ninguém sabe o nome do padre ao menos o da mulher. Ela mesma já passou altas horas da madrugada pela arvore, onde diziam que o padre sem cabeça aparecia, e nunca viu nada. Mas a lenda existe, e a Gruta do Padre ficou com esse nome.

Saudosistas lembram bailes do Sindicato 


   Quem viveu no Bom Parto nas décadas de 40, 50 e 60, não esquece dos bailes promovidos pelo Sindicato dos Trabalhadores da Fábrica Alexandria. Localizado na rua principal, seu salão se transformava numa grande festa, recebendo, inclusive, visitantes de outros bairro.
   Todo final de semana tinha festa no Sindicato. Em época de Natal, São João e Carnaval, o salão ficava lotado. As moças caprichavam no visual e a orquestra tocava as musicas da moda.
   Antonio Luiz dos Santos, 76 anos, foi presidente do Sindicato, quando a fábrica funcionava a todo vapor. As festas são inesquecíveis. No Carnaval, tinha os bailes noturnos e as matines para as crianças, filhos dos operários. Hoje, aposentado, residindo no Farol, lembra saudosista dos bons tempos da Alexandria.

Publicado em O JORNAL, Maceió, domingo,  24 de novembro de 1996.
Este texto é original como  publicado na época 

 Cambona, um bairro incorporado ao Bom Parto
Texto: Chico Elpidio
Segunda-feira, 3 de Setembro de 2007 extraido do blog   http://chicoelpidio.blogspot.com
CAMBONA, O BAIRRO.
Situado entre a Praça dos Martírios e o bairro de Bom Parto, o Cambona era passagem obrigatória para quem desejasse se dirigir aos bairros de Bom Parto e Bebedouro. Na década de 50, Bebedouro possuía o status de “bairro da elite alagoana”, lá residiam às famílias mais tradicionais. Vale ressaltar que o inesquecivel Major Bonifácio da Silveira, carnavalesco e criador do bloco Caboclinhas do Major Bonifácio, fazia a rota Bebedouro - Praça dos Martírios, um dos recantos do frevo de rua e que era também passarela do Corso. Bebedouro, hoje é visto como um bairro dormitório por não existir um comércio sustentável, entretanto, ainda se mantém vivo, graças à existência do Mercado Público Municipal, da Estação Ferroviária, do Colégio Bom Conselho e de duas Casas de Saúde: José Lopes e Ulisses Pernambucano.
Já a Praça Floriano Peixoto ou dos Martírios como é conhecida, era bastante arborizada e muito bem freqüentada, pois vivia outra realidade. Frontal a Rua do Comércio, circundada por prédios históricos: Rádio Difusora de Alagoas, hoje transformada em Museu Fundação Pierre Chalita, preservando a estrutura arquitetônica original; pela Caixa Econômica Federal, construída no terreno onde funcionou a primeira Faculdade de Economia da Alagoas, finalmente o Edifício do Conde e o majestoso Palácio Floriano Peixoto. Próximo ao Cambona, precisamente na Rua do Sol, situava-se o Grupo Escolar Fernandes Lima, onde a grande maioria dos cambonenses aprendeu as primeiras letras; já em direção ao Mercado Público, encontrávamos dois Colégios: o São José, cuja diretora e proprietária Dona Laura Dantas e sua irmã, famosas pela ética e disciplina no mister de ensinar e finalmente o Diocesano, mais conhecido como Colégio Marista, hoje ocupado pela Secretaria de Agricultura.
Também participavam dos ensinamentos aos cambonenses, as professoras (es): Salviana Gomes dos Santos, que teve como aluno o Mestre Deodato; Guiomar de Gouveia Bezerra; os professores Sebastião Granjeiro, Cajueiro e Coitinho Leite, este famoso pela palmatória usada para quem errasse a tabuada e pelo castigo do milho. Não esqueçendo o lado cultural, a grande mestra do piano Dona Georgina, que com maestria ensinou os primeiros acordes aos alunos, Marcelo Santos, nosso querido Botinha, sua irmã Mércia e ao Chico Elpídio. Outra fonte de prazer desfrutada por todos, era vivida no Clube do Trabalhador - SESI, onde eram disputados torneios de futebol, tendo como representante o Cambonense, primeiro e segundo quadros. Foi nesse habitat que os cambonenses foram criados, sentindo hoje muita saudade dos bons tempos vividos.
A convivência com os mais velhos, deixou para os mais novos, a marca do respeito e da decência, valores incontestáveis para um futuro promissor. O Cambona permanece vivo nos encontros realizados aos sábados e nas festas realizadas entre amigos, como por exemplo, o Pernil do Nah, sempre na última sexta feira do ano e principalmente no bate bola semanal, quando juntos renovamos a amizade e principalmente a vida.
Viva o Cambona e os Cambonenses.
Curiosidade- segundo Aurélio Buarque, Cambona, significa mudança rápida das velas dos barcos ou do rumo na direção das velas; reviravolta; cambalhota.
Postado por Chico Elpídio às 07:38.

fonte:
http://www.bairrosdemaceio.net/

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