Festa de Corpus Christi 2012


Centenas de cristãos católicos participaram nesta quinta-feira, 7, feriado de Corpus Christi, da programação religiosa preparada pela Arquidiocese de Maceió. Pela manhã a catedral ficou lotada durante a celebração da missa do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo e à tarde, movimentos, pastorais e associações da capital seguiram em procissão pelas ruas do Centro.

A região foi embelezada pelos “tapetes”, que representavam os locais em que Cristo passara. “Hoje é um dia muito importante para os cristãos. Para nós foi um dia de muito trabalho também, porque ficamos responsáveis por enfeitar as ruas por onde o Grande Rei vai passar”, comentaram José Anderson e Ivsson Padilha, membros do Encontro de Jovens com Cristo (EJC) perante a Arquidiocese.

A concentração foi iniciada às 16h, e teve um carro especial para o Arcebispo Metropolitano Dom Antônio Muniz, que foi seguido por um trio elétrico com músicos que louvavam Jesus Cristo. Na Praça dos Martírios, foi colocada uma estrutura onde foi celebrada uma missa no início da noite.

A preocupação da comunidade católica era que a chuva atrapalhasse a confecção dos tradicionais tapetes com representações da igreja e do corpo de cristo, mas a chuva não caiu e o tempo nublado ainda ajudou. “Eu achei até melhor porque não está calor. Deus providencia todas as coisas”, disse o comerciante José Morais, que acompanha a procissão todos os anos.

Para a Igreja Católica, a festa de Corpus Christi é a base da sua fé. “Quando Jesus disse: “Isto é o meu corpo e meu sangue”, referindo-se à eucaristia e conjugou o verbo no presente, ele diz “Sim” à comunidade e faz com que sua memória se perpetue pela humanidade. São Thomaz de Aquino disse que o filho legítimo de Deus quis que o homem se tornasse divino e para isso se fez homem. Esse é o mistério central da Igreja Católica. Ele morreu, mas continua presente ainda hoje no pão e vinho consagrados”, disse José Aparecido, seminarista da Arquidiocese de Maceió.

Ainda segundo um dos organizadores da procissão, a igreja também faz uma reflexão sobre a importância dessas tradições religiosas na busca pela paz. “Ajuda a abrir os olhos da comunidade religiosa acerca da violência desenfreada e ver a dignidade da pessoa humana. O mundo está seco de Deus e se isso persistir acabará a vida”, lamentou.
A deficiência física não serviu de limitação para que Kléber Silvestre deixasse de fazer um agradecimento especial nesta data de Corpus Christi: o irmão mais novo, Claúdio Ediberto, conseguiu se livrar do vicio das drogas, passou um ano interno na Fazenda da Esperança e recebeu alta. Assim como o jogador da Seleção Alagoana de Basquete em Cadeira de Rodas, era enorme a legião de fiéis que celebrou o dia de presença de Cristo na hóstia consagrada, durante uma grande procissão pelas ruas do Centro da cidade. 

“Minha mãe fez uma promessa para que meu irmão se recuperasse do vício e, como conseguimos essa graça, viemos agradecer a Deus por tê-lo livrado daquele mal. Estamos felizes e sabemos que a nossa crença no Pai contribuiu muito para essa mudança do Cláudio. Eu nunca havia participado de um cortejo, mas confesso que esse clima de paz, de fé e de esperança me emocionou profundamente. Não deixarei nunca mais de vir”, afirmou Kléber. 

Neide Maria do Nascimento acompanhou a procissão de Corpus Christi a pé. “Vim pedir paz e união para a minha família. Num momento de reflexão recente percebi que a minha casa estava precisando da presença mais intensa de Deus e, por isso, vim buscá-la aqui. Tenho certeza que, depois que eu chegar em casa, tudo já estará melhor”, disse a educadora.
Uma outra senhora, que não quis revelar o nome, também fez um pedido especial ao Senhor: Vim pedir pela conversão do meu genro. Ele anda fazendo algumas coisas erradas e fazendo sofrer a minha família. Sei que Crisrto, neste momento em que estou em penitência, ajoelhada, vai me ouvir”, desabafou a dona-de-casa.

Cortejo arrasta multidão 

A procissão Corpus Christi arrastou uma verdadeira multidão pelas principais ruas do Centro da cidade. Os fiéis e religiosos percorreram todo o trajeto passando pelos tapetes feitos pela própria população e que formavam desenhos do Santíssimo Sacramento, do Divino Espírito Santo e de outros símbolos do Catolicismo. 

“Essa é uma grande manifestação pública de fé. É Jesus na Eucaristia que está presente entre nós. A procissão é uma demonstração clara de que o Senhor também vai às ruas, de que Ele não está perto da gente apenas quando fazemos à comunhão na Igreja", explicou o padre Érico Falcão, pároco da Igreja São Benedito.

Movimentos se unem para fazer 150 tapetes nas ruas 

Tradicionalmente, a procissão de Corpus Christi faz com que os fiéis desenhem, sob o asfalto, imagens que representam os símbolos da Igreja Católica. Em Maceió, foram 150 tapetes confeccionados à base de pó de serra, pó de giz, folhagem etc. Todos feitos pelos grupos jovens de cinco paróquias da capital: Segue-me, Ministério Jovem, Encontro de Jovens com Cristo, Treinamento de Liberdade Cristã, Ordem Terceira e Legião de Maria. 

“É impressionante o envolvimento dos jovens com as ações e celebrações da Igreja. Nesta quinta-feira tivemos mais de 500 deles envolvidos com a confecção dos tapetes e isso, para nós, é muito importante. Significa dizer que a juventude acredita no Catoliscismo, não se desvia para os caminhos do mal e é devota aos milagres do Espírito Santo”, declarou Alberto Torres, coordenador do Segue-me.

A festa de Corpus Christi foi criada no século XIII e celebra a presença de Cristo na Eucaristia. No Brasil, tornou-se tradição os fiéis homenagearem o Corpo de Cristo percorrendo as ruas da cidade, numa demonstração de que o Jesus também vai ao encontro dos católicos.

A procissão seguiu pelas ruas do Centro até a Praça dos Martírios, onde foi encerrada com a Santa Missa.

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