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HOMILIA PARA A MISSA DO ANO NOVO DE D. DULCÊNIO FONTES DE MATOS
Desejamos, dentre tantos, bens a paz.
HOMILIA PARA A MISSA DO ANO NOVO
(01 de janeiro de 2012 – Frontispício da Catedral Diocesana)
(01 de janeiro de 2012 – Frontispício da Catedral Diocesana)
Queridos irmãos,
Por ocasião do Ano Novo, temos o costume de desejar às pessoas os mais nobres sentimentos para o ano que se inicia. Desejamos, dentre tantos, bens a paz. A Igreja, através do seu Romano Pontífice, o Bispo de Roma, o Papa, há quarenta e cinco anos, possui o costume de, na ocasião do Dia Mundial da Paz, festejado concomitantemente com o Ano Novo, lançar os seus mais felizes votos pelo período do ano que se avizinha, publicando uma mensagem que augura estas duas datas: o Dia Mundial da Paz e a Passagem para o Ano Novo. É a tradicional Mensagem para a Celebração do Dia Mundial da Paz, que, neste ano tem por tema: “Educar os jovens para a justiça e a paz”.
Quase sempre, na iminência de um novo ano, fazemos muitos propósitos. Assim agimos porque somos impulsionados pela esperança. É este sentimento que nos faz pensar positivo, dando-nos força e coragem para enfrentarmos as diversas, e tantas vezes adversas, situações da vida. Acreditamos que, quanto mais próximos de Deus, mais o nosso coração se abastece da esperança, pois, como nos alude São Paulo, “A esperança não decepciona”. Esta certeza nós temos porque aprendemos e experimentamos a fidelidade de Deus, mesmo quando lhe somos infiéis com os nossos pecados, com as nossas fraquezas. Ainda sabemos que, juntamente com a esperança, a pessoa que crê é presenteada por Deus com tantas outras benesses.
O cristão autêntico, mais do que ninguém, deve “dar razões da sua fé”. E, nestes últimos dias de violência, de tragédias, de corrupção, de frustrações, de crise (inclusive de valores éticos e culturais) devemos dar, com a esperança em nosso peito, o pleno testemunho de que o mundo possui jeito. A desesperança do mundo advém de uma falsa sensação de autonomia de Deus. E, a partir daí, da vã tentativa de viver sem o Absoluto, as pessoas caem no vazio e na falta de profundas perspectivas. E quais são elas, senão uma vida desinteressadamente material e eminentemente transcendental? Sim, o caminho para a paz começa pela sensação da ação da Providência Divina. Quantas vezes percebemos que as pessoas vivem freneticamente em função do material, daquilo que é efêmero, passageiro. Quase nunca estas pessoas possuem como norte de sua vida a busca constante dos bens transcendentais. E qual é a via para assim vivermos? Jesus, no Evangelho, nos mostra o caminho: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo” (Mt 6,33). Não raramente somos capazes de trocar o que é perene, eterno, pela vaidade do ter e do aparentar. Neste ano que adentramos, muitos foram os votos de saúde, dinheiro, de uma parcial prosperidade que trocamos entre nós. Não estamos querendo dizer que estas coisas não são importantes. Sim, elas têm a sua importância, porém não são fundamentais. E qual é o fundamento da vida do cristão? Deus! Por isso, devemos desejar, não somente por ocasião do Ano Novo, mas sempre, que as pessoas tenham Deus, não o tendo como uma propriedade sua, mas que ele esteja no coração e na vida. Assim sendo, ao desejarmos os votos de Ano Novo, deveríamos dizer: “Tenha um ano repleto de Deus!”
Em um mundo desesperançado e infeliz, Deus é a resposta antiga e sempre nova que solucionará as suas incertezas. E o Papa, ao referir-se às pessoas que nutrem a esperança no coração, aplicará para elas o salmo 130, 6, dizendo: “O salmista diz que o homem de fé aguarda o Senhor ‘mais do que a sentinela pela aurora’, aguarda por Ele com firme esperança, porque sabe que trará luz, misericórdia, salvação”. O fato de saber que Deus é a grande resposta para as tragédias de diversas ordens presentes no mundo deve ser destinado de uma forma especialíssima para a juventude.
Os jovens são os construtores do amanhã. Eles devem, muito mais dos que os adultos, nutrir a esperança para a “construção dum futuro de justiça e da paz”. A juventude deve tomar a dianteira neste intento, pois tal atividade “não é só uma oportunidade mas um dever primário de toda a sociedade”.
Muitos se enganam ao afirmar, genericamente, que a juventude esta transviada, que é indiferente aos destinos da humanidade. No entanto, encontramos acesa, em muitos deles, a chama do desejo de um futuro promissor, não somente em um plano egoísta e materialmente supérfluo, mas em um âmbito extensivamente coletivo, coadunando as suas expectativas com a vontade de fazer deste um mundo mais humanizado em todos os sentidos, inclusive mais espiritualizado, repleto de Deus. Aqui, não estamos abominando a busca de melhores condições de vida, a luta por direitos, até porque este fatores contribuem para uma melhor dignidade de vida pessoal e social. Isso é perceptível na juventude quando vemos neles “o desejo de receber uma formação que os prepare de maneira mais profunda para enfrentar a realidade”, uma aspiração de superação de diversos níveis de dificuldade que se iniciam no seio das suas famílias, perpassando, inclusive, pela procura de um emprego estável, e ainda,“da capacidade de intervir no mundo da política, da cultura e da economia contribuindo para a construção duma sociedade de rosto mais humano e solidário”.
No afã de construir um mundo mais justo e pacífico faz-se mister uma educação, não apenas técnico-científica, mas que, antes de tudo, sirva para a vida. A ação de educar para a vida inicia-se no seio familiar. No dizer de Bento XVI, “A família é a célula originária da sociedade”. Mas, como poderemos esperar que a sociedade vá bem se encontramos as famílias desajustadas pela falta de diálogo, pelos vícios de seus membros, pelo bombardeamento destrutivo do conceito de família baseado originariamente no amor entre um homem e uma mulher, seja graças aos meios de comunicação social, seja pela ideologia monstruosa dos que querem transformar os laços familiares em contratos, ou mesmo do que querem apoiá-los na indecência e na bestialidade? E a família que deveria ser a escola preliminar dos nossos jovens cai aos frangalhos em uma sociedade permissiva e pervertida. A justiça e a paz devem começar nos nossos lares através da iniciativa do diálogo sincero e constante entre os seus membros.
A educação para a vida também deve acontecer nas instituições com tarefas educativas, ou seja, nas escolas, a fim de que possam “ensinar a saborear a alegria que deriva de viver dia após dia a caridade e a compaixão para com o próximo e de participar ativamente na construção duma sociedade mais humana e fraterna”. Que os nossos centros educacionais, em seus diversos graus de escolaridade, sejam templos não somente de disciplinas tecnicamente exatas e humanas, mas sobre que sejam das verdadeiras humanidades, as quais primam pela ética, pelos salutares costumes propagados pelo cristianismo, base de toda cultura ocidental.
A educação para a vivência humana deve ser responsabilidade eminente dos políticos e governantes, não somente patrocinando a educação bancária dos cidadãos, mas primando pelo apoio a dignidade integral do indivíduo baseado nos valores morais e éticos, não se deixando levar pela praga do relativismo e do laxismo de consciência da sociedade atual. Este apoio aos bons costumes deve ser iniciado através de uma prática política transparente, não corrupta, tampouco mercenária como meio fácil de vida e acumulação de bens. Política não é profissão, é serviço. Por isso, os políticos e os governantes “proporcionem aos jovens uma imagem transparente da política, como verdadeiro serviço para todos”.
Se o jovem é educado para a vida, igualmente é formado para a verdade e a liberdade: a primeira, aspiração intrínseca do homem: todos ansiamos por conhecer a verdade. E já sabemos que a verdade nos vem por Aquele que diz de si mesmo “Eu sou a Verdade” (Jo 14, 6): Jesus Cristo, Suma Verdade que nos apresenta o autêntico sentido da vida; a liberdade, que nunca deve ser confundida pela libertinagem, se fundamenta, primariamente, em Deus, “Autor de toda liberdade e que faz do ser humano livre”, como também no respeito por si e pelo outro, regrado pela lei moral natural.
Os jovens são os construtores do amanhã. Eles devem, muito mais dos que os adultos, nutrir a esperança para a “construção dum futuro de justiça e da paz”. A juventude deve tomar a dianteira neste intento, pois tal atividade “não é só uma oportunidade mas um dever primário de toda a sociedade”.
Muitos se enganam ao afirmar, genericamente, que a juventude esta transviada, que é indiferente aos destinos da humanidade. No entanto, encontramos acesa, em muitos deles, a chama do desejo de um futuro promissor, não somente em um plano egoísta e materialmente supérfluo, mas em um âmbito extensivamente coletivo, coadunando as suas expectativas com a vontade de fazer deste um mundo mais humanizado em todos os sentidos, inclusive mais espiritualizado, repleto de Deus. Aqui, não estamos abominando a busca de melhores condições de vida, a luta por direitos, até porque este fatores contribuem para uma melhor dignidade de vida pessoal e social. Isso é perceptível na juventude quando vemos neles “o desejo de receber uma formação que os prepare de maneira mais profunda para enfrentar a realidade”, uma aspiração de superação de diversos níveis de dificuldade que se iniciam no seio das suas famílias, perpassando, inclusive, pela procura de um emprego estável, e ainda,“da capacidade de intervir no mundo da política, da cultura e da economia contribuindo para a construção duma sociedade de rosto mais humano e solidário”.
No afã de construir um mundo mais justo e pacífico faz-se mister uma educação, não apenas técnico-científica, mas que, antes de tudo, sirva para a vida. A ação de educar para a vida inicia-se no seio familiar. No dizer de Bento XVI, “A família é a célula originária da sociedade”. Mas, como poderemos esperar que a sociedade vá bem se encontramos as famílias desajustadas pela falta de diálogo, pelos vícios de seus membros, pelo bombardeamento destrutivo do conceito de família baseado originariamente no amor entre um homem e uma mulher, seja graças aos meios de comunicação social, seja pela ideologia monstruosa dos que querem transformar os laços familiares em contratos, ou mesmo do que querem apoiá-los na indecência e na bestialidade? E a família que deveria ser a escola preliminar dos nossos jovens cai aos frangalhos em uma sociedade permissiva e pervertida. A justiça e a paz devem começar nos nossos lares através da iniciativa do diálogo sincero e constante entre os seus membros.
A educação para a vida também deve acontecer nas instituições com tarefas educativas, ou seja, nas escolas, a fim de que possam “ensinar a saborear a alegria que deriva de viver dia após dia a caridade e a compaixão para com o próximo e de participar ativamente na construção duma sociedade mais humana e fraterna”. Que os nossos centros educacionais, em seus diversos graus de escolaridade, sejam templos não somente de disciplinas tecnicamente exatas e humanas, mas sobre que sejam das verdadeiras humanidades, as quais primam pela ética, pelos salutares costumes propagados pelo cristianismo, base de toda cultura ocidental.
A educação para a vivência humana deve ser responsabilidade eminente dos políticos e governantes, não somente patrocinando a educação bancária dos cidadãos, mas primando pelo apoio a dignidade integral do indivíduo baseado nos valores morais e éticos, não se deixando levar pela praga do relativismo e do laxismo de consciência da sociedade atual. Este apoio aos bons costumes deve ser iniciado através de uma prática política transparente, não corrupta, tampouco mercenária como meio fácil de vida e acumulação de bens. Política não é profissão, é serviço. Por isso, os políticos e os governantes “proporcionem aos jovens uma imagem transparente da política, como verdadeiro serviço para todos”.
Se o jovem é educado para a vida, igualmente é formado para a verdade e a liberdade: a primeira, aspiração intrínseca do homem: todos ansiamos por conhecer a verdade. E já sabemos que a verdade nos vem por Aquele que diz de si mesmo “Eu sou a Verdade” (Jo 14, 6): Jesus Cristo, Suma Verdade que nos apresenta o autêntico sentido da vida; a liberdade, que nunca deve ser confundida pela libertinagem, se fundamenta, primariamente, em Deus, “Autor de toda liberdade e que faz do ser humano livre”, como também no respeito por si e pelo outro, regrado pela lei moral natural.
Meus queridos irmãos, se queremos um mundo melhor, apostemos na educação dos nossos jovens para a paz e para a justiça. Somente nesta esperança poderemos construir com eles e com Deus este horizonte novo e fecundo para a humanidade, onde não haverá luto, dor, violência, corrupção, pecado. Pois o Senhor, com a sua cruz, já calcou as mazelas do pecado e o mal já não tem nenhum poder sobre nós. Façamos, pois, a nossa parte!
Como Sucessor dos Apóstolos e Pastor Diocesano, desejo um Ano Novo repleto de Deus para todos!
Como Sucessor dos Apóstolos e Pastor Diocesano, desejo um Ano Novo repleto de Deus para todos!
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